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15.07.2025 04:14 PM
EUR/USD: Será que Trump demitirá Powell?

Será que Donald Trump vai destituir Jerome Powell do cargo de presidente do Federal Reserve? Não se trata de uma questão meramente hipotética. À primeira vista, a resposta parece óbvia: não. Após a decisão da Suprema Corte dos EUA em junho (veja mais detalhes abaixo), tal possibilidade parece ainda mais improvável. No entanto, a julgar pelas recentes declarações de políticos e autoridades americanas de alto escalão, o tema continua vivo na agenda da Casa Branca — mesmo faltando apenas 10 meses e 1 dia para o término do mandato de Powell, em 15 de maio de 2026.

Então, qual é o objetivo dos ataques persistentes de Trump a Powell, se a lei o protege de uma demissão antecipada? E como essa situação pode impactar o dólar americano?

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Trump voltou a criticar publicamente o presidente do Fed, afirmando que "seria ótimo se ele se demitisse voluntariamente". Foi além, alegando que Powell estaria cogitando essa possibilidade: "Estou animado com as informações que sugerem que ele está disposto a se demitir." Trump provavelmente não se referia a reportagens da imprensa, mas sim a um comentário feito por Bill Pulte, chefe da Agência Federal de Financiamento Imobiliário, que afirmou que Powell concordou em deixar o cargo por iniciativa própria.

O próprio Powell, porém, negou repetidas vezes qualquer intenção nesse sentido. Ele reiterou que não há fundamentos legais para sua destituição e que não planeja renunciar.

É aqui que a situação fica mais séria:

A Casa Branca não está mais apenas emitindo críticas políticas contra Powell (por exemplo, sua suposta lentidão em flexibilizar a política monetária). Agora, acusa-o também de má gestão financeira — uma alegação que poderia ter peso jurídico e servir de argumento formal para uma possível destituição.

Em maio, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu o caso Trump v. Wilcox, concedendo ao presidente poder para demitir membros de agências federais independentes (como o NLRB). No entanto, a Corte abriu uma exceção específica para o Fed, considerando-o uma entidade especial protegida contra mudanças de liderança determinadas pelo Executivo.

Em outras palavras, se Trump demitisse Powell apenas por divergências políticas, tal decisão provavelmente seria anulada nos tribunais por falta de base legal. É por isso que a Casa Branca parece estar buscando outro caminho.

No fim de semana, o assessor econômico de Trump, Kevin Hassett, sugeriu que o presidente poderia justificar a demissão de Powell devido aos gastos excessivos com a reforma da sede do Fed.

O escândalo foi iniciado por Russell Vought, chefe do Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca, que acusou Powell de "má gestão", alegando que o projeto de renovação está US$ 600 milhões acima do orçamento. O valor original, de US$ 1,9 bilhão, subiu para US$ 2,5 bilhões. Vought criticou ainda a aprovação de obras supostamente luxuosas, como jardins na cobertura, elevadores VIP, acabamentos em mármore premium e até fontes decorativas.

O Fed refutou essas alegações, explicando que os custos adicionais se devem à idade do prédio (quase 100 anos) e às exigências legais para a remoção de materiais perigosos como chumbo e amianto, procedimentos caros, mas obrigatórios por lei.

Ainda assim, as acusações ganharam caráter público. Vought solicitou oficialmente detalhes do orçamento da reforma, enquanto Powell pediu ao Inspetor-Geral do Fed que conduza uma auditoria interna do projeto.

Vale lembrar que, segundo a Lei da Reserva Federal, membros do Conselho do Fed — inclusive o presidente — só podem ser removidos "por justa causa", ou seja, por má conduta grave comprovada legalmente. Negligência grave ou violações claras das leis estariam entre essas causas. Portanto, se o Fed não conseguir se defender das acusações de má gestão e gastos excessivos, em teoria o caso poderia se enquadrar nesse critério de "justa causa".

No entanto, na minha avaliação, a controvérsia orçamentária parece mais uma ferramenta política do que um problema jurídico real.

Afinal, "má gestão" em termos legais — especialmente no caso de altos funcionários públicos — exige mais do que simplesmente estouros orçamentários. Pressupõe má conduta grave, violação de regras de contratação pública ou, sobretudo, benefício pessoal para Powell ou conflito de interesses comprovado.

Neste caso, Powell não agiu sozinho. O Conselho do Fed aprovou a reforma de forma colegiada, e o projeto passou por licitação competitiva, revisões técnicas e avaliações ambientais. Os aumentos de custo estão ligados principalmente à remoção de materiais tóxicos como chumbo e amianto.

Em suma, as acusações de gastos excessivos parecem ter mais motivação política do que fundamentos jurídicos concretos.

Contudo, essa situação precisa ser analisada à luz de uma reportagem recente do Wall Street Journal, publicada em junho, segundo a qual Trump estaria cogitando nomear um sucessor para Powell já no início do outono ou até em agosto, visando enfraquecer sua posição. Conforme analistas do jornal, tal movimento permitiria ao eventual sucessor moldar as expectativas do mercado em relação às futuras decisões sobre juros.

Se essa informação se confirmar — e se as acusações de "má gestão" continuarem a se intensificar, especialmente por parte de integrantes de alto escalão da Casa Branca —, a posição de Powell poderá, de fato, ficar enfraquecida. Vale notar que Powell não negou os rumores de que poderia estar considerando uma renúncia voluntária; ele apenas solicitou uma revisão formal do projeto de renovação.

As crescentes preocupações com a independência do Fed e os constantes apelos por cortes de juros têm pesado sobre o dólar americano. Esse é, atualmente, um dos fatores fundamentais que ajudam o par EUR/USD a se manter na faixa de 1,1680–1,1750.

Mesmo que o escândalo envolvendo a reforma desapareça rapidamente (caso a auditoria não identifique irregularidades), é provável que a Casa Branca continue pressionando Powell a deixar o cargo. Na prática, isso cria uma espécie de espada de Dâmocles sobre o dólar — e oferece mais um argumento a favor das posições compradas em EUR/USD.

Irina Manzenko,
Especialista em análise na InstaForex
© 2007-2025
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Irina Manzenko
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